O brasileiro responsável pela abertura de “The White Lotus”

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Conheça a trajetória do sergipano Lezio Lopes

Lezio Lopes - The White Lotus

Divulgação: Instagram/@leziolopes

A vencedora do Globo de Ouro na categoria melhor minissérie/filme para TV “The White Lotus” tem cada vez mais encantado o público. Com uma produção ousada e roteiro irreverente, a série apresenta aventuras de funcionários e hóspedes de um resort.

Lançada em julho de 2021, desde a sua primeira temporada os episódios têm cativado os espectadores. Contudo, o que provavelmente nem todos devem saber, é que a abertura de cada um deles é assinada por um artista brasileiro.

Lezio Lopes, sergipano de 32 anos, atualmente vivendo na Austrália, é o responsável pelas artes exibidas no início de cada capítulo. Formado em designer de moda pela Universidade Federal do Ceará, o artista sempre teve o desenho como aquilo que mais gostava de fazer. Dessa forma, batalhou para conseguir desenvolver o seu talento e chegar onde está hoje, em uma produção da HBO.

Conheça a trajetória do brasileiro responsável pela abertura de “The White Lotus”

De fato, Lezio Lopes teve de trilhar um longo caminho para chegar até a série da HBO. Em entrevista à Revista Piauí, o artista contou um pouco da sua história e dos obstáculos que teve de superar.

Hoje com 32 anos, o sergipano nascido em Aracaju foi uma criança que desenhava em qualquer superfície, parede ou papel. Utilizava materiais como lápis e canetas para exercitar a sua imaginação. Não à toa, sempre teve muita afinidade com as matérias escolares ligadas à arte.

Crescido em uma família de seis irmãos, Lezio conta que todos sempre o encorajaram a correr atrás dos sonhos, independentemente do que fossem. Aos poucos, o jovem artista começou a se destacar na escola e se tornou referência entre os alunos quando o assunto do trabalho ou atividade exigia algum tipo de desenho.

Sempre gostei de ser ‘o menino do desenho’. Num país como o Brasil, em que artistas ainda são tão desvalorizados, esses momentos de reconhecimento se tornam ainda mais importantes. Apesar do contexto do país ser esse, em casa eu sempre tive suporte e acredito que foi isso que me fez estar aqui hoje”, declarou Lopes, em entrevista à Piauí.

O preconceito quando decidiu ser artista

Apesar do claro talento que tinha, Lezio acabou sofrendo algumas críticas a respeito da sua escolha em viver do desenho.

Decidi cursar a graduação de design de moda e escutei de amigos próximos e familiares coisas do tipo: “Você vai trabalhar com arte? Isso não vai dar dinheiro”, “Você vai fazer moda? Não vai conseguir ter uma vida boa”. Esses comentários desestimulam sim, mas nunca me atingiram o bastante para me fazer desistir”, declarou Lezio.

Contudo, não só as críticas eram um desafio, como também a distância que teve de enfrentar para seguir seu sonho. Quando decidiu cursar design de moda teve de se mudar Fortaleza, no Ceará, e viver durante anos longe da família.

Porém, Lopes diz que morar sozinho, descobrindo mais do mundo e de si mesmo, foi uma das maiores experiências de sua vida. Além disso, os professores e amigos da universidade o incentivaram ainda mais a correr atrás dos seus objetivos no universo da arte.

Após anos de aprendizado, fazendo estágios, projetos e acumulando bagagem, entrou no mercado voltado para a sua área e, depois de um tempo, começou a trabalhar como freelancer.

Sigo trabalhando dessa forma até hoje porque acredito que tenho mais liberdade nos projetos. Acredito que é dessa maneira que nós, artistas, vamos encontrando nossa identidade, nossos traços”, afirmou.

Abertura da série “The White Lotus” desenhada por Lezio Lopes – Divulgação: HBO

A vida no exterior e a pandemia

Depois de passar um algum tempo reunindo economias, Lezio se mudou para a Austrália em fevereiro de 2020. Mas, apesar de estar realizando um antigo desejo, não conseguiu aproveitar tanto quanto queria. Afinal, logo em seguida teve início a pandemia da COVID-19. O artista conta que pensou em desistir de tudo e voltar para casa durante este período.

Aqui na Austrália me vi trancado numa casa em que eu não conhecia ninguém, com pessoas de diversas partes do mundo, gastando o dinheiro que guardei durante tanto tempo. Também fiquei com medo de a minha família pegar Covid, queria estar perto deles, tinha medo de não estar perto para ajudar de alguma forma”, afirmou.

O convite para participar de “The White Lotus”

Contudo, já que grandes artistas costumam utilizar momentos de infortúnio como combustível para se reinventar, Lopes utilizou o tempo em casa para começar a produzir. Criou um projeto de artes e ilustrações, publicando seus trabalhos no Instagram.

Não demorou muito para chamar a atenção do público. Tendo como inspiração a tropicalidade nordestina das suas raízes brasileiras, os seus desenhos percorreram o mundo e chegaram aos olhos de marcas influentes.

Foi quando uma agência de produção entrou em contato pedindo informações de um projeto de ilustrações para vídeo. Lezio conta que na época ficou um pouco preocupado, uma vez que nunca havia trabalhado com isso, mas aceitou o desafio.

Falaram que seria um projeto da HBO, mas eu pensava que era algo menor. Seguimos com reuniões, briefings, eles me orientaram e fui fazendo as ilustrações. Só fui ter dimensão quando vi o primeiro episódio da primeira temporada, em julho de 2021, e vi a minha ilustração na abertura”, revelou.

O artista assume que no início não esperava que a série fosse algo tão grande. No entanto, hoje em dia se orgulha do resultado e da relevância que “The White Lotus” recebeu.

Até hoje a ficha não caiu, eu assisto e não acredito que faço parte de algo tão grande. Agora em 2022 veio a segunda temporada, e eles optaram pelo meu trabalho outra vez, e eu, novamente, fiquei super feliz e incrédulo”, finalizou Lezio Lopes.

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